20 maio 2007

O que digo a respeito de mim, digo de ti. Da tua falta dentro do meu ser. Uma falta que dá nome a todas as minhas faltas, a todos os meus amores.
Estou aqui contigo e só sinto o seu não estar. Pelo menos por alguns instantes todas as minhas faltas têm nome.
Sinto a falta do teu preencher que não veio hoje. Será que todos temos uma falta que precisa de um nome? Será que temos um nome que só importa quando há falta?
Às vezes me sinto assim. Quando há a falta há a percepção de que realmente sou. Aí então realmente algo pulsa, algo se faz sentir pulsar. E ao mesmo tempo que eu queria fazê-lo parar, a raridade com que ele acontece me faz querer ficar nesse instante.
Mas então se há um prolongamento há o medo. Medo de esquecer de mim. Penso que você se esqueceu de si. Ficou muito tempo nesta falta, deu a ela o meu nome, e não sabe mais o que quer dizer o seu. E automaticamente me torno responsável.
Ah, francamente... Conversemos francamente! Certas atitudes devem ser evitadas por simples manutenção de uma civilidade. Ou então o que realmente é se perde em meio a invencionices, a "paixões recozinhadas" na solidão do ser.
Não me dou a cozinhamentos de paixões. Apenas penso. No que penso é outra história, já que não tenho um índice que me diz a ordem das coisas. Talvez esteja aí o meu sentir. Que aparece nos buracos inesperados das faltas. Ah, eu poderia seguir por horas, mas, francamente...

14 maio 2007

Para pensar

O pleno é um instante.

08 maio 2007

"Penso, pois, que a análise sofre do mal hereditário... da virtude; ela é obra de um homem demasiadamente respeitável, que se supõe, portanto, preso à discrição. Ora, essas coisas psicanalíticas só são compreensíveis quando são relativamente completas e pormenorizadas, do mesmo modo que a própria análise só avança quando o paciente desce das abstrações substitutivas até os pequenos detalhes. Daí decorre que a discrição é incompatível com a boa exposição de uma análise; é preciso ser inescrupuloso, expor-se, entregar-se como pasto, trair-se, portar-se como um artista que compra tintas com o dinheiro das despesas da casa e queima seus móveis para aquecer o modelo. Sem algum desses atos criminosos, não se pode realizar nada corretamente."

Sigmund Freud, carta de 5 de Junho de 1910 ao pastor Pfister.

Entremeios

Eu entremeio, nós entremeamos
Entremeiamos?
Vamos no meio do entre?
Mas que coisa engraçada.